À medida que o Carnaval se aproxima, o Brasil enfrenta um cenário crescente de Covid-19 e outras doenças respiratórias, criando um dilema que desafia a segurança pública em diversas cidades.
Em Manaus, a Fundação de Vigilância em Saúde reportou 85 mortes por vírus respiratórios entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, além de 4.413 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).
Apesar desses alarmantes números, as festividades carnavalescas seguem ininterruptas, levantando sérias questões sobre a priorização da saúde pública.
No estado de Pernambuco, cidades como Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes também apresentam um aumento significativo de casos de Covid-19, com 3.921 casos leves e 42 de SRAG entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.
Mesmo assim, as prefeituras continuam a aderir às festividades planejadas, ignorando os riscos associados à concentração maciça de pessoas.
Contrapondo essa abordagem, a prefeitura de Araguaína, no Tocantins, tomou uma decisão digna de nota ao cancelar os investimentos em Carnaval e redirecionar R$ 1,2 milhão para melhorar a saúde pública.
O prefeito Wagner Rodrigues justificou a medida devido ao aumento nos casos de Covid-19 na cidade e à redução nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios, evidenciando um exemplo de responsabilidade e compromisso com o bem-estar da população.
Entretanto, a incoerência se revela também na postura de certos segmentos da mídia e de artistas durante a pandemia.
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi amplamente criticado por tentar reabrir a economia, sendo rotulado de negligente em relação às medidas sanitárias.
Agora, com o Carnaval iminente, muitos parecem silenciar sobre as contradições enquanto promovem um evento suscetível a aglomerações que potencialmente exacerbarão a crise de saúde.
O Carnaval, se por um lado celebra a cultura e a alegria, é frequentemente associado a comportamentos que desafiam princípios morais e espirituais, especialmente quando se reflete sobre as convicções da maioria da população, que é cristã.
A insistência em realizar tais festividades, mesmo em meio a um surto, revela uma preocupante inversão de prioridades.
Está na hora de se examinar seriamente o verdadeiro custo humano da festividade, que não apenas coloca em risco a saúde de milhares de brasileiros, mas também levanta questões éticas que desafiam as crenças e valores da sociedade.
Assim, cabe perguntar: por que não seguimos o exemplo de gestão prudente que nega a hipocrisia e prioriza a vida, em vez de simplesmente nos entregarmos à celebração em tempos de crise?
O desafio está lançado às autoridades e à população: cabe a todos nós reavaliar o que realmente valorizamos.