Uma investigação da Polícia Federal revelou um desvio de impressionantes R$ 6,3 bilhões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que pode estar vinculado ao crime organizado.
Os detalhes vieram à tona na manhã desta quarta-feira (23), durante a Operação Sem Desconto, que resultou na prisão de três suspeitos e no afastamento de cinco altos diretores do INSS, incluindo o presidente do órgão, Alessandro Stefanutto.
A operação, que incluiu 211 mandados de busca e apreensão em todo o Brasil, incautou bens no valor de R$ 1 bilhão em estados como São Paulo, Minas Gerais, Ceará e Alagoas.
Entre os itens apreendidos estão veículos luxuosos, relógios de alto valor, armamentos e grandes quantias em dinheiro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, destacou a importância da operação em proteger os aposentados, alertando que muitos deles se tornaram vítimas fáceis de uma fraude que se apropria indevidamente de pensões e aposentadorias.
“Essa é uma operação especial, evidentemente, mas não extraordinária. Ela se insere nas iniciativas do ministério contra o crime organizado”, explicou.
Essa investigação não foi uma surpresa; uma auditoria interna do INSS já havia confirmado a existência de descontos indevidos em benefícios previdenciários.
Entre janeiro de 2023 e novembro de 2024, foram detectados pelo menos R$ 45 milhões em cobranças irregulares, embora esse valor possa ser ainda maior, visto que muitos segurados não perceberam os descontos indevidos.
Os esquemas fraudulentos teriam surgido a partir de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com entidades que alegam oferecer auxílios diversos aos aposentados.
Embora a mensalidade devesse ser autorizada pelo beneficiário, a auditoria revelou que, em mais da metade dos casos analisados, as filiações ocorreram sem documentação adequada ou o consentimento do segurado.
Dos 603 casos analisados, 332 não apresentaram comprovantes necessários.
O relatório destacou um aumento abrupto nas receitas das associações envolvidas, que subiram de R$ 85 milhões para R$ 250 milhões em apenas um ano.
Além disso, foram identificadas práticas como o uso de assinaturas forjadas e a utilização de “laranjas” para formalizar contratos fraudulentos.
Com essa operação, o governo reforça a luta contra a corrupção e o crime organizado, buscando proteger os direitos dos cidadãos mais vulneráveis, como os aposentados.