A gestão do prefeito de Maricá, Quaqua, volta a gerar polêmica e preocupação entre representantes e a população.
Desta vez, o foco da controvérsia recai sobre o bilionário Fundo Soberano do município, uma reserva estratégica construída com recursos dos royalties de petróleo, idealizada para garantir o futuro da cidade em momentos de instabilidade ou para investimentos estruturais de longo prazo.
Enquanto o ex-prefeito Fabiano Horta planejou o fundo como uma salvaguarda para Maricá, Quaqua demonstra uma visão distinta.
Em declarações recentes, o atual chefe do Executivo manifestou a intenção de utilizar essa robusta quantia – que hoje totaliza R$ 1,95 bilhão – em projetos que levantam sérias dúvidas quanto ao seu real benefício para o município.
Entre as ideias ventiladas pelo prefeito, conforme apurado, estariam a construção de um resort na Bahia e até mesmo a possibilidade de adquirir o clube de futebol Vasco da Gama, time do qual é torcedor.
Tais planos se somam a outros episódios controversos, como o direcionamento de R$ 8 milhões para sua escola de samba, que obteve um modesto 5º lugar no carnaval, com a conta da derrota sendo, mais uma vez, paga pelos cidadãos maricaenses.
Outro ponto de grande preocupação é o investimento de R$ 73,6 milhões em projetos do renomado arquiteto Oscar Niemeyer, sem que haja uma garantia concreta de que tais obras impulsionarão o turismo local.
Caso a iniciativa não alcance os resultados esperados, mais uma fatura será apresentada à população de Maricá.
Agora, a nova investida de Quaqua em relação ao Fundo Soberano acende um sinal de alerta ainda maior. O prefeito parece determinado a movimentar essa significativa reserva financeira sem o devido debate com a população ou com seus representantes no Poder Legislativo.
Essa postura é facilitada pelo controle que o Executivo exerce sobre a Câmara Municipal, com a recente substituição de vereadores titulares por suplentes, fragilizando a capacidade de oposição e fiscalização.
Diante desse cenário, o presidente da Câmara Municipal, Aldair, expressou publicamente sua discordância. Em sessão, o representante do Legislativo, demonstrando independência, declarou:
“Eu sou muito contra usar o fundo soberano para qualquer tipo de coisa, porque o fundo soberano é uma questão de segurança pro futuro da cidade. (…) Eu acho que nós temos que continuar avançando sem exceder gastos, sem exceder projetos faraônicos que possam tirar dinheiro do fundo soberano.”
Apesar da ressalva do presidente da Câmara, a conjuntura política local sugere que o prefeito pode obter a autorização necessária para utilizar os recursos do Fundo Soberano da maneira que julgar conveniente, inclusive com a possibilidade de remessas para o exterior.
A questão central que emerge é a fragilidade da representatividade popular. A ascensão de suplentes aos cargos de vereadores, em detrimento dos eleitos que assumiram secretarias, levanta questionamentos sobre o papel do Legislativo como fiscalizador do Executivo.
A maior responsabilidade, neste contexto, recai sobre os eleitos que, ao deixarem seus assentos, abriram caminho para essa dinâmica.
Diante desse panorama de decisões unilaterais e projetos considerados por muitos como fantasiosos, paira a apreensão sobre o futuro do Fundo Soberano de Maricá.
A reserva bilionária, que deveria ser um escudo para o futuro da cidade, corre o risco de se tornar mais um capítulo da “cidade do futuro” imaginada pelo prefeito Quaqua, uma terra encantada que, para muitos, parece distante das reais necessidades da população.