Em recentes declarações online, o chefe do executivo municipal anunciou um “enxugamento da máquina pública” alegando a necessidade de recursos para investimentos cruciais como obras, ampliação do hospital e postos de saúde.
Em tom incisivo, o prefeito chegou a ordenar: “quem ficar enrolando DEMITA!!! DEMITA!!!, EU QUERO CONTROLE ABSOLUTO sobre os contratos e materiais”. Suas palavras insinuavam críticas à administração anterior, como se esta nada tivesse realizado.
Entretanto, a promessa de cortes se concretizou de forma drástica para muitos trabalhadores, que da noite para o dia perderam seus empregos.
Essa demissão em massa contrasta fortemente com a imagem de uma Maricá próspera, propagandeada na grande imprensa com seus projetos sociais, o que atraiu um grande número de novos moradores, tornando a prefeitura o principal empregador.
Em um aparente desalinhamento de prioridades, o prefeito direcionou R$ 8 milhões para o seu projeto de escola de samba. O sonho de ver sua agremiação triunfar no carnaval carioca, inclusive com declarações otimistas sobre a vitória, terminou em um modesto 5º lugar.
Esse investimento vultoso, que poderia ter sido alocado nas urgentes necessidades de creches, saúde e infraestrutura, transformou-se em um revés financeiro para o município e para a população que anseia por melhorias concretas.
Outra decisão administrativa controversa foi a aquisição de dez projetos inéditos de Oscar Niemeyer, ao custo de R$ 73,6 milhões. Essa compra, de alto valor, parece negligenciar a destinação prioritária dos royalties do petróleo para áreas essenciais como saúde, educação e saneamento, conforme determina a legislação.
Aumentando ainda mais a incoerência da administração, o prefeito penaliza os trabalhadores de Maricá alegando precisar de dinheiro para obras, mas, ao mesmo tempo, abriu mão de um direito do município sobre os royalties. De forma isolada, sem consultar a população ou o Legislativo, decidiu encerrar a ação judicial que tratava da redistribuição desses recursos.
Com essa decisão, Maricá se compromete a realizar um repasse anual estimado em R$ 300 milhões para a cidade vizinha de São Gonçalo, governada por Capitão Nelson (PL).
Somam-se a esses gastos questionáveis as frequentes viagens internacionais de uma comitiva numerosa, com direito a eventos como o show de Nequinho da Beija-Flor na Europa e participações em feiras internacionais.
O argumento de atrair turistas para Maricá parece distante da realidade vivenciada pela população, conforme o próprio prefeito descreveu em seu vídeo.
E a mais recente polêmica atinge a festa da cidade do futuro, onde a cantora Simone Mendes receberá R$ 754 mil para uma única apresentação. Fica difícil para as famílias atingidas pelas demissões entenderem uma decisão como essa, onde o prefeito parece ajudar São Gonçalo em detrimento das necessidades de Maricá.
É difícil conciliar essa extravagância com a recente onda de demissões e a alegada falta de recursos para as prioridades que o próprio prefeito elencou.
Diante desse cenário, a pergunta que fica é: até quando as autoridades competentes permitirão que os desejos pessoais do prefeito se sobreponham às necessidades urgentes da população de Maricá?
As ações inconsequentes do chefe do executivo, que parecem desafiar a lei e o bom senso na gestão do dinheiro público, clamam por uma fiscalização rigorosa antes que o futuro da cidade seja ainda mais comprometido.
Maricá, ao que parece, não está acima da lei, mas refém de escolhas que beneficiam apenas um.