A ressaca que atingiu o litoral de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, fechou o canal de Itaipuaçu. As ondas altas na Praia do Recanto também destruíram o quebra-mar e, por isso, pescadores ficaram impedidos de passar no local com embarcações nesta sexta-feira (24).
Um dos moradores da região e pescador há mais de trinta anos, conhecido como Isaías Jacaré, disse que aguarda a Prefeitura de Maricá e os órgãos competentes realizarem obras de reparo no local. Além do quiosque que ele tem na praia, parte da sua renda vem dos peixes que ele pesca em alto-mar.
“Já entramos em contato com todo mundo pra poder nos ajudar. Mas enquanto ninguém resolver nada, vamos ficar sem poder passar com os barcos”, disse o pescador.
O Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil foram ao local para sinalizar a área. Um cordão de boias foi usado para orientar banhistas e pescadores.
A Prefeitura de Maricá, por meio da autarquia Serviço de Obras de Maricá (Somar) informou que já entrou em contato com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) para obter as licenças ambientais visando a abertura do canal de Itaipuaçu, e também as obras de reparo do quebra-mar.
O g1 entrou em contato com Inea para saber o posicionamento do órgão sobre intervenções no local e aguarda o retorno.

Reclamação antiga
As pedras do canal de Itaipuaçu e Praia do Recanto são reclamações antigas dos pescadores que precisam passar pelo local. Segundo os pescadores, as pedras obstruem a ligação do canal com o mar e atrapalham a passagem de barcos no local.
Há cerca de quatro meses, uma embarcação bateu nas pedras no local e naufragou. Na época, dois pescadores estavam a bordo. Um deles teve arranhões e ferimentos leves. Os dois foram resgatados por outros pescadores.
Colônias de pescadores cobram da Prefeitura a retiradas das pedras para evitar acidentes.
Duas semanas após o acidente com a embarcação, em maio deste ano, pescadores artesanais fizeram um ato simbólico pedindo a retirada de pedras do Canal da Costa, no Recanto. Na ação, o grupo simulou a remoção ao puxar pedras usando cordas.
Ainda de acordo com os pescadores, nos últimos dois anos as pedras estão se soltando após as obras de abertura do canal e se espalham com a movimentação do mar.
“O pescador está impedido de sair pra pescar, com segurança, tivemos um acidente com dois pescadores há poucos dias, eles quase perderam a vida e todo material. Os banhistas e os pescadores estão sofrendo e, as vezes, os bombeiros não dão conta. As pedras estão fechando a boca do canal e a gente quer uma solução”, explicou, na época, a representante da Colônia Z-7 de Itaipuaçu e vice-presidente da Associação Livre de Aquicultura e Pesca, Virgínia Costa.
Após o protesto, a Prefeitura de Maricá informou que qualquer intervenção desse tipo e neste local demanda autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) que é o responsável pela fiscalização e pelo controle da faixa costeira.
Ainda segundo os pescadores, a solicitação foi feita no dia 30 de abril.
Em nota emitida na época do protesto, o Inea informou que realizou, no dia 18 de maio, uma vistoria no local e que está elaborando o relatório sobre a situação do molhe e as possíveis medidas a serem adotadas para remediar a situação.
Nesta sexta-feira, 24 de setembro, o g1 entrou em contato com o Inea para saber se há um resultado da vistoria realizada e o que pode ser feito para evitar novos transtornos para pescadores e banhistas e aguarda o retorno.