Porteiro encontra cachorro desaparecido e nega recompensa de R$ 5 mil no litoral de SP

Um casal que ofereceu uma recompensa de R$ 5 mil pela devolução do cãozinho Tom finalmente conseguiu encontrar o animal, nesta quinta-feira (15) em Guarujá, no litoral de São Paulo. O cachorro fugiu da casa da adestradora, último sábado (10). Apesar do valor oferecido, o porteiro de um prédio, que devolveu o animal aos donos, não aceitou a recompensa.

A dona de Tom, a estudante Bruna Maistro Bernardes Vieira, de 26 anos, viajou com o namorado Caio Justo e deixou o cãozinho com a adestradora, que geralmente cuidava dele na ausência dos tutores. Tom é um border collie de 1 ano e 6 meses. Ele estava no condomínio da adestradora, no bairro Balneário Praia do Pernambuco, e se assustou com fogos de artifício durante o clássico entre Palmeiras e Santos, pelo Campeonato Brasileiro. Ele saiu correndo com medo e não foi mais visto.

Segundo a estudante, o condomínio da adestradora não era fechado, portanto, não tinha portões que isolassem o local. Desde que retornaram da viagem, no dia seguinte ao desaparecimento, ela e o namorado começaram a divulgar o caso nas redes sociais e decidiram oferecer uma recompensa de R$ 5 mil a quem encontrasse o cachorro.

“A gente começou oferecendo R$ 1 mil, mas ele tem problema no coração e precisa tomar remédio. Como foi passando muito tempo, nos preocupamos e falamos: ‘precisamos encontrar rápido, vamos aumentar a recompensa’. Todo mundo da família nos ajudou e fez uma vaquinha. Juntamos R$ 5 mil, o máximo que a gente pode chegar para tentar encontrá-lo o mais rápido possível”, explicou.
Porém, na manhã desta quinta-feira, Bruna acordou com uma boa notícia. Um porteiro estava chegando ao condomínio que trabalha, no Morro do Sorocotuba, quando encontrou Tom. Ele conseguiu levá-lo até o estacionamento do local e entrou em contato com a família.

Boa ação

O porteiro Cláudio José Santana Claudino, de 43 anos, conta que soube do desaparecimento do cachorro por meio da esposa. Ela orientou o marido a dirigir com cautela no condomínio onde trabalhava, pois um cachorro estava perdido naquela área, e podia ser atropelado.

Nesta manhã, por volta das 6h, ele viu um cachorro correndo e reconheceu pela pelagem que se tratava de Tom. Ele parou o veículo e ofereceu um biscoito ao cachorro, mas Tom se assustou e correu. O porteiro decidiu ir lentamente com o carro atrás do animal até o portão do condomínio, onde outras pessoas que trabalhavam no local impediram que o cachorro saísse.

O porteiro ligou diversas vezes para a dona de Tom, mas não foi atendido. Ele decidiu enviar um vídeo do cãozinho pelo WhatsApp. Quando acordou e viu a mensagem, por volta das 7h, Bruna e o namorado foram ao condomínio.

O cachorro logo reconheceu o casal e foi em direção à eles. “Muita gratidão de ter encontrado ele e alívio de ver que ele estava bem e sem nenhum ferimento”, disse Bruna.

Ao encontrar o porteiro, o casal explicou que havia oferecido uma recompensa em dinheiro para quem achasse o animal e que o valor seria dado à ele. Porém, o porteiro se negou a receber a recompensa.

“Isso é o que me deixa mais feliz, ver a felicidade do próximo. São princípios que a gente carrega. A palavra de Deus nos ensina que nem tudo é o dinheiro. O ser humano deixou de se preocupar com o bem estar do próximo para se preocupar apenas com o lado financeiro. Eu virei uma chacota, na verdade, por não ter aceitado o dinheiro, mas o importante é a felicidade deles”, disse o porteiro.

O casal ficou ainda mais grato com a reação do homem, que ajudou a família sem segundas intenções. ”Muitas pessoas, quando encontravam a gente, falavam que não queriam recompensa se encontrassem. Outras falavam que iam procurar só pelo dinheiro. Tem gente de todo tipo, mas deu para ver que ele [Cláudio] é um homem de bem, trabalhador. Ele não quis aceitar e só temos a dizer que é uma pessoa do bem. Isso deveria ser o normal das pessoas”, falou Bruna.

Após os agradecimentos, Tom, que aparentava estar bastante cansado, se despediu do porteiro e foi para casa com a família. Já o porteiro, que diz ter sido ser chamado de “bobo” por algumas pessoas por não ter aceito a recompensa, fala que se sente feliz por feito uma boa ação.

“Quando vi a felicidade que isso proporcionou, percebi que não tem dinheiro no mundo que pague isso. Minha família também só queria ajudar. Não importava a quantidade, o dinheiro eu conquisto com meu trabalho e suor, mas a felicidade do próximo não tem preço”, conclui.

Matéria : G1