Um grande sucesso da 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) é a exposição ‘Heróis Quilombolas: Objetos de Suplício, Rugendas e Debret’, mostradas pela primeira vez no Rio de Janeiro, pelo colecionador Maciel de Aguiar dentro da tenda dos livros.
Entre os muitos que saíram impressionados com as peças que mostram a realidade e os heróis do período da escravidão, está o cantor e compositor Altay Veloso, que visitou o local na sexta-feira (08/11). O artista gonçalense tem mais de 450 músicas gravadas por gente como Roberto Carlos, Jorge Vercillo, Elba Ramalho, Nana Caymmi, Alcione, Zizi Possi, Elymar Santos e Emílio Santiago.
Depois de circular pelo espaço para apreciar as peças expostas, Altay Veloso exaltou a coragem de Maciel de Aguiar em tocar numa ferida ainda incômoda para a sociedade.
“Essa é uma exposição de extrema coragem, de tamanha crueza, impressionante. Espero que as pessoas que viram tudo isso possam sair daqui melhores. É muito bom ver as pessoas visitando”, observou o cantor e compositor, que também falou sobre a grande procura da Flim no geral.
“Demorei bastante para estacionar quando cheguei, mas achei isso ótimo porque mostra que a casa está cheia. A gente vê o jovem adquirindo cultura perto de casa e isso é fabuloso”, classificou Altay, ao revelar que virá visitar mais a cidade. “Tenho uma parte da família vivendo em Maricá e já estou vindo com mais frequência, e virei mais ainda”, garantiu.
A exposição
A coleção de Maciel de Aguiar resgata um dos momentos mais dramáticos das lutas pela libertação dos escravos, forçando o parlamento da época em apressar a abolição da escravidão. Ao todo, são 50 peças confeccionadas em fibra de vidro pelo artista plástico Jonas Conceição, sendo 13 dos heróis quilombolas, em tamanho natural.
As esculturas são do acervo do ÁfricaBrasil Museu Intercontinental, instalado no Porto de São Mateus, município na região norte do estado do Espírito Santo.
As esculturas representam os mais importantes personagens dessas lutas, com as cenas baseadas nas gravuras de Rugendas e Debret, o cenário predominante na maior parte das cidades brasileiras. Já os objetos de suplício, criados para castigar e intimidar os escravos que se rebelavam – além da emblemática figura do Capitão do Mato – também ganham destaque nessa contação da “história esquecida”.
Heróis negros
As esculturas dos heróis negros são simbolizadas por Zacimba Gaba, Benedito Meia-Légua, Constância de Angola, Preto Bongo, Viriato Cancão de Fogo, Negro Rugério, Clara Maria do Rosário, Silvestre Nagô, Mateus Purquério, Beatinho de São Benedito, Rosa Flor, Chico Pombo e Teodorinho Trinca-Ferro, como importantes referências das lutas contra a escravidão.
O acervo apresenta, também, a escultura do capitão-do-mato José de Oliveira, conhecido como Zé Diabo, Diabo Louro ou Cearense – o mais temido caçador de escravizados fugidos da região –, notabilizado pela captura ou morte de muitos quilombolas e, sobretudo, pela destruição do Quilombo do Morro (hoje Povoado de Santana), em Conceição da Barra, no Espírito Santo.