O prefeito de Maricá, Washington Quaquá, não desarrumou as malas da sua recente viagem a Portugal e já embarcou para Cuba, levando na bagagem a Escola de Samba União de Maricá. A viagem, que acontece nesta madrugada de quarta-feira (30), tem como objetivo participar de festividades na ilha caribenha, custeada com R$ 8 milhões dos cofres públicos, enquanto a população local enfrenta desafios significativos, incluindo o desemprego.
Com uma delegação de 22 pessoas, incluindo ritmistas, passistas e o intérprete Zé Paulo Sierra, a União de Maricá foi motivada a partir do quinto lugar na Passarela do Samba, na Marquês de Sapucaí. O prefeito, em uma ação polêmica, decidiu proporcionar essa viagem internacional como um “presente” aos membros da escola, utilizando recursos oriundos do trabalho do cidadão maricaense.
A escola realizará cinco apresentações em Cuba, promovendo um intercâmbio artístico que coincide com as festividades do Dia do Trabalhador – data emblemática no calendário cubano – e a Feira Internacional de Turismo. Não se sabe se o custo total da viagem inclui também o pagamento de um cachê para os integrantes, similar ao que foi feito com o cantor Neguinho da Beija Flor em sua apresentação na Espanha.
A justificativa apresentada pelo prefeito e pela administração da escola é fortalecer os laços entre as culturas afro-latino-americanas, levando o samba e a alegria do carnaval brasileiro para além das fronteiras nacionais. Para Matheus Santos, administrador da União de Maricá, a participação em eventos internacionais enaltece a cultura brasileira e mostra a importância do samba como uma ferramenta de resistência e celebração popular.
“Levar a nossa cultura para fora do Brasil é um gesto simbólico e motivo de orgulho. O samba é uma expressão viva da luta do nosso povo e participar das celebrações do Dia do Trabalhador em Havana nos honra profundamente”, declarou Santos.
Entretanto, essa viagem levanta sérias questões sobre a prioridade do setor público em tempos de crise. Enquanto o prefeito desfruta de festividades internacionais, o povo trabalhador de Maricá, que lida com o aumento do desemprego e a falta de assistência, vê sua condição ignorada. O desprezo do prefeito por sua própria população, ao optar por comemorar fora do Brasil com pessoas estranhas à Mãe Pátria, não passa despercebido.
A insatisfação é palpável entre os cidadãos maricaenses, que prometem mostrar sua revolta nas próximas eleições, quando o prefeito, além de tentar a reeleição, terá que encarar a candidatura de seu filho e de sua ex-esposa. Este cenário se apresenta como um desafio significativo, deixando claro que a escolha do Carnaval em detrimento das necessidades do povo foi uma aposta arriscada. O povo unido e angustiado agora se posiciona, determinado a medir forças e reivindicar seus direitos em busca de um governo que realmente represente seus interesses. A reação popular se torna um recado contundente: o carinho pela cultura não pode ser confundido com a indiferença aos problemas sociais que afligem a cidade de Maricá.